sexta-feira, 1 de julho de 2011

Um palácio na Praça da Liberdade

Painéis que retratam a Revolução Francesa. Lustres e cristais da Boêmia. Um piano de cauda Bechstein, famosa marca alemã. Escadarias fabricadas na Bélgica. Móveis da Letônia. Decoração ao estilo Luís XV. Tanto luxo só pode estar reunido em um castelo da Europa, certo? Errado! Todas essas peças estão no Palácio da Liberdade, localizado em uma área nobre de Belo Horizonte, e trazem para a capital mineira toda a exuberância e charme dos grandes palácios do Velho Mundo.
Não é à toa que os visitantes saem do local com uma sensação unânime: encantamento. “Eu não esperava ver uma coisa de tamanha magnitude e beleza. Não tem como destacar o que eu mais gostei. Adorei tudo”, conta admirada, a economistaDilvânia Ferreira, após sair de uma visita guiada ao Palácio. “As pessoas precisam conhecer mesmo. É a história de Minas nesse lugar”, recomenda o militar Renato Sena.
As visitas guiadas são oferecidas nas manhãs de domingo. E de graça. Dilvânia e Renato estiveram no local em um dia ainda mais especial: o último domingo do mês. Nessa data, é possível assistir à Troca Solene da Guarda: a equipe que fez a vigilância do Palácio nas últimas 24 horas repassa o posto para novos policiais. A troca é feita sob um rígido protocolo. A belíssima cerimônia conta com apresentação da Banda de Música da Polícia Militar, hasteamento de bandeiras e desfile dos pelotões. A solenidade foi inspirada na troca de guardas de outro palácio: o de Buckingham, em Londres.
Ambientes

Explorar o interior do Palácio é ter a certeza de vivenciar uma experiência única. Não só pelo conjunto arquitetônico em si, mas pela riqueza espantosa dos detalhes.
Já na entrada do prédio, uma imponente escadaria acolhe os visitantes. A estrutura foi feita nas oficinas Aciéries de Bruges, na Bélgica, e foi montada em Belo Horizonte. Subindo os degraus, a primeira parada é o Salão Nobre, o mais eclético do prédio. Misturando diversos estilos, como barroco e neoclássico, o cômodo era utilizado pelo Governador para receber visitas formais. Para acomodar anfitrião e convidados, as poltronas foram trazidas da Letônia. Os painéis com imagens de mulheres nas paredes e no teto homenageiam a República – tratada no gênero feminino depois da Revolução Francesa.
À frente do Salão, está o Parlatório, outro símbolo republicano. Ali, os Governadores têm ainda hoje a oportunidade de discursar para o povo – fato característico da democracia, pois, na Monarquia, os súditos é que precisam se dirigir à presença do rei.
No Salão do Banquete, a mesa com 36 lugares acomoda até 56 convidados, dependendo do tipo de serviço da cerimônia. Totalmente espelhado, o Salão possui um lustre de cristal com 40 tulipas que impressiona qualquer visitante. É o único cômodo cujas pinturas na parede não possuem conotação política. As imagens homenageiam os prazeres da vida: evocam a Saudação, a Fortuna, o Lazer e o Trabalho.
Um detalhe: no Palácio, não há papéis de parede. Todos os ricos detalhes que ornamentam os ambientes foram pintados diretamente na estrutura.
Centro do poder
Até 2010, o gabinete do Governador de Minas Gerais funcionou no Palácio da Liberdade. A maior autoridade política do Estado deixou de despachar no prédio com a inauguração da Cidade Administrativa. Além do gabinete, o complexo com 16 mil funcionários abriga agora as secretarias e vários outros órgãos estaduais.
Mesmo com a mudança, computadores, impressoras e outros aparelhos modernos ainda estão no Palácio da Liberdade, contrastando com os objetos históricos do prédio. O aparato tecnológico precisa estar disponível para receber o Governador, que ainda vai ao local esporadicamente. “Ele vem para um despacho especial, algum evento de entrega de medalha, um banquete ou para receber uma visita mais importante”, explica a integrante da equipe de Curadoria do Palácio da Liberdade, Lucília Peres.
veja mais
Quando e como conhecer o Palácio
 Quando e como conhecer o Palácio
As visitas ao Palácio da Liberdade são guiadas por técnicos do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA – MG) que explicam os ricos detalhes e a história de cada um dos 30 cômodos do prédio.
As visitas são gratuitas e duram cerca de 30 minutos. Para conhecer o Palácio, basta estar no prédio aos domingos, às 9 horas. Nos dias de troca de guarda, é necessário chegar um pouco mais cedo para assistir à cerimônia: às 8h30.
No interior do imóvel, é proibido tirar fotos ou filmar. Também não é permitido ir ao local com saltos do tipo agulha, para não prejudicar o piso histórico.  Grupos escolares ou caravanas que também queiram conhecer o Palácio podem entrar em contato pelo email adminitracaodepalacios@governo.mg.gov.br ou pelo telefone (31) 3217-9543.

Curiosidades do Palácio da Liberdade
 Curiosidades do Palácio da Liberdade
- No Parlatório, foram retiradas 13 camadas de tinta antes de se chegar à pintura original, um trabalho delicado feito pacientemente pela equipe de restauração, com o uso de bisturis, para não prejudicar os traços seculares.
- O hall do elevador ficou coberto por paredes durante sete décadas até a restauração que durou de 2003 a 2006.
- Reza a lenda que uma senhora habitava o terreno onde foi construído o Palácio. Com o casebre desapropriado para o início das obras, ela teria rogado uma praga para que os futuros habitantes do local, os Governadores, morressem. O fato ficou conhecido com a “lenda da papuda”.
- Inicialmente, o Palácio foi erguido para ser local de trabalho e lar dos Governadores. De fato, foi assim no começo. Após um tempo, a residência oficial dos chefes do Executivo passou a ser o Palácio das Mangabeiras e o da Liberdade se tornou apenas o gabinete.
- O Palácio da Liberdade foi construído numa área considerada alta da Belo Horizonte do século 19. Da parte mais elevada dos Jardins, o chefe do Executivo conseguia avistar boa parte da avenida do Contorno e ter uma ideia do movimento da capital. (Foto: por baixo das 13 camadas de tintas, um painel se revela à equipe de restauradores - crédito: Oficina de Restauro)

A história do prédio
 A história do prédio
O Palácio da Liberdade foi projetado pelo pernambucano José de Magalhães, membro da Comissão Construtora da Nova Capital. A inauguração ocorreu em 1897, depois de dois anos de obras. No entanto, alguns detalhes só foram concluídos em 1903.
A primeira grande reforma ocorreu em 1920, para receber a visita dos reis da Bélgica. Já a última foi realizada entre os anos de 2003 e 2006, período no qual o prédio ficou fechado para visitação.
O estilo do Palácio da Liberdade é eclético. Mas, independente da variedade de escolas de arte, a influência francesa é predominante tanto na arquitetura quanto na decoração.
O arquiteto Oscar Niemeyer apresentou, na década de 60, um projeto para derrubar o Palácio da Liberdade e construir um novo prédio no local. O Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte tombou integralmente o Palácio da Liberdade no Conjunto Urbano da Praça da Liberdade e Adjacências, em 10 de novembro de 1994. (Foto: Palácio da Liberdade em obras - crédito: Arquivo Público Mineiro)

O Palácio já era aberto a visitações no período em que o Governador de Minas Gerais e equipe trabalhavam lá. Mas eram realizadas em um número bem reduzido. Com a transferência da sede do Governo, ficou mais fácil abrir as portas do imponente imóvel para a população. “Antes, era muita gente trabalhando aqui dentro e as visitas dificultavam o rendimento. Hoje, até durante a semana, abrimos o Palácio para as escolas. Já aos domingos, recebemos uma média de 300 pessoas e há dias em que recebemos 700”, conta Lucília.
Antes da mudança da sede administrativa, 37 políticos trabalharam no Palácio. Durante o seu mandato, Juscelino Kubitschek mandou trazer uma cadeira de dentista, também usada na hora de fazer a barba. O objetivo era aproveitar as breves pausas da atribulada rotina para cuidar da vida pessoal. O móvel está lá até hoje.
“Eu duvidava que o Governador realmente trabalhava aqui. Eu acreditava que era apenas uma imagem do centro do Governo. Gostei da maneira como foi explanado o antigo funcionamento do Palácio”, afirma o militar Ricardo Wolff. Na saída de uma visita guiada, ele conta o que achou do prédio. “O que mais me chamou a atenção foram as obras de arte e a arquitetura. Recomendo o passeio, sem dúvida. Tenho certeza de que todos vão gostar”.

Contatos : 31 34264469  ou 31 94316649
Guia de turismo de Minas Gerais 
contatos :(31) 34264469 / 94316649           
henrique_guia@hotmail.com                                                                                           

Nenhum comentário: