segunda-feira, 26 de novembro de 2012

INHOTIM HENRIK TOUR






O artista plástico, em frente a uma de suas instalações no novo pavilhão
Foto: Divulgação/Daniela Paoliello










O artista plástico, em frente a uma de suas instalações no novo pavilhãoDIVULGAÇÃO/DANIELA PAOLIELLO
BRUMADINHO - Em 1998, o público viu “Tereza”, de Tunga, pela primeira vez. Ao som de Arnaldo Antunes e de uma espécie de mantra entoado pelos atores (contratados de uma agência de extras), “Tereza” nascia no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio. Saía das mãos do elenco como longa trança e, enfim, era deixada lá, sozinha, aos olhos do público já tomado por sua presença hipnótica.
Mais tarde, “Tereza” viajou, entre outros destinos, à Argentina (lá, foi tecida por anarquistas e sem-teto, em 1999), a São Paulo (foi vista no Centro Cultural Banco do Brasil, em 2001) e a Paris (esteve no Louvre, em 2005). Nesta quarta-feira, “Tereza” se mostra em Inhotim: será tecida pelos funcionários do instituto de arte contemporânea ao longo do dia, na abertura do pavilhão dedicado a seu consagrado autor.
Nascido em Palmares, em Pernambuco, e morador do Rio desde os anos 1970, Tunga mostrará hoje, das 9h30m às 17h, para convidados, outras cinco performances além da célebre “Tereza”. Para sua faceta performática — embora ele rejeite o termo “performance” e prefira se referir aos trabalhos como “instaurações” —, cem performers estão a postos do artista no Inhotim.
— Trata-se de reinstaurar uma situação que exacerba alguns aspectos de minhas obras. A cada vez que se reinstaura uma performance, cria-se algo novo. Não é a mesma performance, são os mesmos comandos e a mesma direção de exacerbação de um aspecto da obra — diz o artista ao GLOBO, entre as obras do pavilhão em Inhotim, a cerca de 60 km de Belo Horizonte. — Na “Tereza”, por exemplo, está presente a ideia de pensar em Santa Tereza de Ávila chamando em sonhos São João da Cruz para fazer uma trança com os lençóis e ir encontrá-la espiritualmente. É a estrutura da performance. Ou as “teresas” das prisões, feitas pelos presos para tentar escapar. A cada vez que é refeita essa estrutura, é uma nova situação, um novo pensamento. As obras de arte são como cebolas. Há sempre uma casca a mais.
‘Toda obra é performática’
Outra “instauração” emblemática a ser apresentada nesta quarta são as tranças em cobre e ferro de “Xifópagas capilares” — presença que, segundo o artista, “em geral, é solicitada, quando apresentam-se os ‘Lézart’ (1989)”, peças com cabelos, pentes e ímãs, que já estavam no acervo de Inhotim e agora ficarão no pavilhão. Além disso, uma atriz fará “a encarnação mimética de peças que foram feitas com fibra, lixadas e agora estão no osso”: nua e com muita maquiagem, a atriz vai maquiar as peças e, ao mesmo tempo, maquiar a si mesma, “terminando por integrar continuamente o corpo dela com a obra”. O diretor Murilo Salles, parceiro frequente do artista, deve registrar as apresentações.
Para além das performances, instalações grandiosas do artista vão ocupar os 2.600 m² do pavilhão Tunga, que é a estrela da inauguração de outros espaços no Instituto Inhotim (nesta quarta, o centro de arte contemporânea inaugura ainda o pavilhão que abriga “Ttéia”, de Lygia Pape, as instalações de Carlos Garaicoa e de Cristina Iglesias, e as novas obras da galeria Mata). Na entrada do pavilhão Tunga, “À la lumière des deux mondes”, exposta em 2005 no Louvre, em Paris, e no PS1, do MoMA, surge imponente na entrada da imensa galeria com paredes de vidro que dará conta de 30 anos de carreira do artista.
— Toda e qualquer peça é uma antologia permanente. Quando você faz um desenho, ele guarda vários momentos. Uma linha vai do ponto A ao ponto B, ou seja, implica em tempo. Expandir essa ideia durante a trajetória de um artista é dar um desenho mais extenso daquilo que está contido em cada obra — diz Tunga.
A escolha dos trabalhos e de refazer as performances é parte da ideia de criar “conectividade entre as obras”, já que o pavilhão foi “concebido como um acelerador de partículas”, tendo “Ão” (1980), filme de 1980 feito numa seção curva do túnel Dois Irmãos, no centro de tudo, numa espécie de subsolo dedicado a filmes. Dele, partem, como no movimento curvilíneo dentro do túnel, as demais esculturas do artista que diz ver “toda obra de arte como performance”.
*A repórter viajou a convite do Instituto Inhotim


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