segunda-feira, 17 de junho de 2013

INHOTIM IMPRESSIONANTE - HENRIK TOUR

O que é o Inhotim? Um enorme museu a céu aberto? Um jardim botânico com obras de artes espalhadas por todos os lados? Ou um parque temático cultural, uma espécie de Disneylândia cabeça? Embora existam várias denominações, o nome oficial é Centro de Arte Contemporânea, termo que, para mim, ainda não define exatamente o Inhotim. Assim como nos referimos a qualquer palha de aço como Bombril, e todo aparelho de barbear como Gillette, talvez o nome Inhotim seja utilizado no futuro para designar espaços culturais semelhantes. Imagino até mesmo uma conversa entre amigos:
- Rapaz! Eu visitei um Inhotim sensacional na França!
- É mesmo? Mas igual ao nosso?
- Não, igual ao nosso não existe! Mas era um baita Inhotim.
São várias as características que tornam o Inhotim um lugar singular. Um delas é a relação de perfeito equilíbrio entre as obras, galerias e o espaço onde estão inseridas. Ao contrário da maioria dos museus, que dispõem suas coleções em longos e sucessivos corredores, lá as obras são posicionadas estrategicamente em pontos diversos do belíssimo Jardim Botânico de 97 hectares, cuja boa parte foi desenvolvida com a colaboração do paisagista Burle Marx. Essa peculiaridade permite ao público uma pausa providencial na visitação às obras, pois evita uma overdose de informações e sensações, além de possibilitar a melhor compreensão do que foi visto antes de passar à próxima atração.
Inhotim
A bela paisagem natural do Inhotim.
Outra interessante característica é que não existem roteiros predefinidos para a visitação no Inhotim. A proposta é que o visitante entregue-se livremente ao museu, experimente e descubra cada percurso e encante-se com a sinergia latente entre a arte e a paisagem. Durante o trajeto, logo após um lago, uma árvore frondosa e até mesmo no meio do mato, as obras e galerias surgem inesperadas. Evidentemente, a surpresa faz parte da experiência sugerida e torna a visita muito mais estimulante.
Inhotim
Este iglu abriga a obra “By Means of a Sudden Intuitive Realization”, de Olafur Eliasson.
Um bom exemplo dessa integração com o ambiente é o “Sonic Pavilion”, obra do premiado artista Doug Aitken, que se assemelha a um disco voador aterrizado no alto de um morro. Se o lado externo já impressiona, o interior não deixa nada a desejar. No centro do pavilhão redondo com paredes de vidro há um furo no solo de 200 metros de profundidade. Dentro dele foram instalados cinco microfones de alta sensibilidade que captam os sons do interior do planeta e amplificados por vários alto-falantes distribuídos ao redor das paredes internas da instalação. É uma experiência única ouvir os sons da Terra e admirar a bela paisagem que se vislumbra lá de cima.
Inhotim
“Sonic Pavilion”, obra do premiado artista Doug Aitken.
A menos de 100 metros do pavilhão sonoro de Aitken, uma trilha leva até a “De Lama Lâmina”, obra criada pelo artista norte americano Matthew Barney. Construídos no meio de uma floresta de eucaliptos, os domos compostos de vidro e aço abrigam um enorme trator esmagando uma árvore, cujo conceito representa o conflito entre a tecnologia e a natureza. Os reflexos formados nos vidros espelhados dos domos geram interessantes imagens distorcidas da obra.
Inhotim
“De Lama Lâmina”, obra criada pelo artista norte americano Matthew Barney.
Mais um ótimo exemplo de integração é a “Beam Drop Inhotim”. A construção da obra, no alto de uma montanha, durou 12 ininterruptas horas e consistiu no lançamento de 71 vigas de aço dentro de uma enorme poça de concreto fresco, sob o esforço de um guindaste com 45 metros de altura. O aspecto final da obra do artista Chris Burden é um instigante amontoado de vigas alinhadas de forma aleatória. Ao vê-la lembrei-me imediatamente da Fortaleza da Solidão apresentada no filme Superman, estrelado por Christopher Reeve e exibido em 1978.
Inhotim
“Beam Drop Inhotim”, obra do artista Chris Burden.
E mais surpresas vão surgindo ao longo do percurso, como a “Troca-Troca”, obra composta por simpáticos fuscas coloridos alinhados em um extenso gramado, as esculturas sem cabeça assinadas por Edgard de Souza e as imponentes paredes simétricas da “Penetrável Magic Square # 5”, de Hélio Oiticica.
Inhotim
No Inhotim as obras surgem ao longo do percurso.
E o Inhotim estimula outros sentidos além da visão. Ao contrário de alguns museus onde não se pode tocar em absolutamente nada, lá algumas obras foram justamente com essa intenção. É o caso de certas obras de Cildo Meireles. Em “Através“, o artista utilizou objetos e materiais utilizados para recriarem barreiras, como cortinas de plástico, arame farpado e até aquários, formando um labirinto com o chão totalmente coberto por estilhaços de vidros. É uma sensação especial caminhar sobre os pedaços de vidro para examinar cada parte da obra. Os sons emitidos pelo choque dos pés, devidamente calçados, e os vidros, causam inicialmente um sentimento de aflição. Mas após alguns instantes, com os ouvidos ambientados aos sons dos passos, a sensação é de admiração!
Inhotim
“Através”, obra de Cildo Meireles.
A mesma alternância de sensações ocorre com outra obra de Meireles, “Desvio para o vermelho“, composta por ambientes monocromáticos. Após o espanto inicial de ver  todos os móveis, objetos e chão impregnados por um  vermelho vivo, surge o prazer de descobrir cada canto dos ambientes, reconhecer objetos do uso cotidiano e até abrir uma geladeira e encontrar, lá dentro, o mesmo vermelho presente no lado externo.
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“Desvio para o vermelho”, obra de Cildo Meireles.
Na Galeria Praça é a vez de aguçar a audição com a obra “Forty Part Motet“, de Janet Cardiff. São 40 alto-falantes dispostos ao redor de um amplo galpão e que repetem continuamente uma música composta para o aniversário da Rainha Elizabeth I em 1575. Cada alto-falante reproduz a voz do integrante de um coral e permite ao visitante perceber diferentes combinações e harmonias em cada ponto da instalação. Ao fechar os olhos, sentado em um dos bancos de madeira no centro do galpão, senti-me presente em uma apresentação daquele coral em um grande teatro.
Inhotim
“Forty Part Motet”, obra de Janet Cardiff.
Uma das imagens mais conhecidas do Inhotim é a da Galeria Adriana Varejão. O enorme edifício e seu belo espelho d´água abrigam algumas obras da artista carioca, como a “Linda do Rosário“, escultura onde partes do corpo humano substituem os tijolos para erguer uma parede. E a “Celacanto provoca maremoto“, formada por painéis que simulam os tradicionais azulejos portugueses, porém com distribuição desordenada das imagens.
Inhotim
A Galeria Adriana Varejão e algumas de suas obras.
Eu poderia escrever mais mil palavras sobre o Inhotim e, mesmo assim, não conseguiria abordar as mais de 500 obras que fazem parte do seu acervo. Aliás, o crescimento constante desse acervo nos últimos anos tornou impossível conhecê-lo, em sua totalidade, em apenas um dia. Talvez, com muita disposição, seja possível concluir a tarefa em dois dias, considerando-se ainda os muitos locais agradáveis do Jardim Botânico para revigorantes pausas. Como disse, O Inhotim não se define em uma palavra. Mas se pudesse fazê-lo, essa palavra seria:impressionante!

fazemos passeios regulares para o INHOTIM
(31) 94316649 / 85992160
henriktour@hotmail.com

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