quarta-feira, 3 de abril de 2013

D. Pedro II em Ouro Preto


D. Pedro II em Ouro Preto
Por Angela Xavier

No período do Império Brasileiro, D. Pedro II visitou várias vezes a capital da Província de Minas Geras, a Imperial Cidade de Ouro Preto. Existem vários registros históricos da passagem do Imperador pela cidade da qual gostava muito. Fez muitas melhorias na capital: possibilitou a criação de um cemitério público, já que os vários cemitérios existentes na cidade atendiam apenas aos membros das respectivas irmandades, organizou o abastecimento de água da cidade através da captação em nascentes trazidas em canos de pedra sabão até as caixas d’água de onde era encaminhada para as casas e a construção da malha ferroviária que ligou a capital mineira ao Rio de Janeiro.

Muito querido era o Imperador na cidade, tanto que quando foi proclamada a República a Estação Ferroviária ficou sem nome. Os ouro-pretanos não abriram mão do nome escolhido: Estrada de Ferro D. Pedro II. Os republicanos não aceitaram.

Em 1881 D. Pedro veio a Ouro Preto com sua esposa Teresa Cristina. Chegaram de trem sendo recebidos em grande pompa pelas autoridades locais e grande público. Visitou várias instituições como a Escola de Minas fundada por ele anos antes. Assistiu a uma aula ministrada por Henri Gorceix, grande mineralogista francês. À noite assistiu a um belo concerto no Salão do Paço Provincial. Mostrou interesse pela obras do escritor local Bernardo Guimarães e foi presenteado com exemplares de sua obra.

Em honra à visita de Sua Majestade à cidade, foram libertados vários escravos que receberam a carta de alforria das mãos do próprio Imperador.
Nessa ocasião, estava em fase final a construção da Igreja de São Francisco de Paula, que o Imperador fez questão de visitar e até bateu um prego num dos altares, simbólicamente. Visitou ainda a fonte da Mãe Chica, cuja água era famosa como medicinal e bebeu dela com gosto. Fez também um passeio ao Pico Itacolomi e no trajeto apreciou a flora local especialmente as várias espécies de orquídeas e bromélias.

Essas foram as visitas oficiais e, em suas horas de folga, D. Pedro costumava caminhar tranqüilamente pelas ruas da cidade, cumprimentando um ou outro.

Uma vez, estando o Imperador passeando pelas ruas, foi desenhado por um menino de seus nove anos chamado Honório Esteves. Depois de terminar o desenho, o menino o colocou em um café situado no centro da Rua São José, para que todos pudessem ver.

Passando por ali, numa outra ocasião, quem viu o desenho foi o próprio Imperador que foi logo perguntando quem o havia feito. As crianças que o rodeavam sempre que saía às ruas, entregaram logo:

- Foi o Honório Esteves.
D. Pedro mandou então um recado:

- Quero ver este menino.

A notícia se espalhou por toda a cidade e chegou aos ouvidos do pai de Honório. O pai pressionou o filho para saber o que ele havia feito para ser chamado à presença do Imperador. Honório, como não queria apanhar, foi logo contando que havia desenhado um retrato dele e colocado em local público.
Seu pai o tomou pela mão e o levou ao Palácio do Governador onde se hospedava D. Pedro II. Foram recebidos imediatamente. O Imperador se mostrou muito amável e até colocou Honório no seu colo, enquanto perguntava sobre seus estudos e se sempre havia desenhado. Quando soube que ele estava terminando a 4a série disse:

- Quando tiver tirado seu diploma, me procure. Tem uma bolsa de estudos para você estudar artes no Rio de Janeiro.

E assim foi. Honório Esteves estudou artes no Rio de Janeiro e se tornou um artista conhecido.

(Texto adaptado de “Tesouros, fantasmas e lendas de Ouro Preto”, de Angela Leite Xavier)
(31) 94316649
henriktour@hotmail.com

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