sábado, 9 de março de 2013

Memória e História no Cemitério do Bonfim


Estudantes de história promovem circuito histórico no mais antigo cemitério de BH
Por Tomaz Amâncio, do Laboratório de Convergência de Mídias
Tomaz Amâncio
Foto: Tomaz Amâncio
O Cemitério do Bonfim, mais antigo de BH, foi construído antes mesmo de Belo Horizonte se tornar a capital de Minas, nos tempos de Curral Del Rey, nos idos de 1897. Na companhia de estudantes de História do Centro Universitário de Belo Horizonte, revivemos um pouco deste passado.
Pedro Vinícius Pereira, aluno do 5º período, explica que, antes de sua criação, os cemitérios  seguiam um estilo gótico, eram escuros e tinham as caveiras e ossos como referência. A particularidade do Bonfim está em seguir um estilo mais leve, com mais adorno nos túmulos e mausoléus. "O espaço é  arejado e aberto para receber o sol simbolizando a última morada” avalia Pedro.

Foi  a partir de 1942, que os cemitérios passaram a ser planejados em campos gramados, apenas com lápides.
Estilo, material e túmulos

No Bonfim, cada túmulo tem uma história, cada adorno, um significado. 
Logo no começo da excursão, um jazigo expõe duas ovelhas acolhidas por Jesus. Essas figuras podem representar os falecidos de uma família com um alto poder aquisitivo. Um membro importante da família que faleceu é representado com uma coluna partida. Os materiais mais usados em uma primeira fase de construções eram o mármore de carrara e peças fundidas em bronze.
Em outra fase, entra o granito preto, o mármore comum, pedra sabão imitando o mármore branco. O estilo artístico do Bonfim está gravado em suas esculturas, obedecendo a traços de cada época.

No início (entre 1897 a 1950), segue uma tendência naturalista e tradicional - e, em um segundo momento, após os anos 50, os túmulos passam a seguir uma tendência modernista, mesclando traços de arquitetos  como Niemeyer.       
Personagens e suas particularidades
Como foi construído para a capital mineira, muitos imigrantes espanhóis, italianos e libaneses foram enterrados no Bonfim.Em alguns túmulos, essa imigração é ilustrada com trabalho realizado pelas famílias, isto é, desenhos em bronze ou mármore de navios e trens, além das pessoas trabalhando com ferro ou com a terra.
Outras figuras, principalmente da política, das letras ou da justiça também ocupam lugar no cemitério. É o caso de Olegário Maciel, ex-governador de Minas, do jurista Milton Campos e de Augusto de Lima.
Outras duas figuras merecem destaque: João Amadeu Mucchicut artista primoroso, que usava pedra sabão de alta qualidade, vinda de Ouro Preto, para fazer esculturas nos jazigos e cruzeiros com riqueza de detalhes (veja galeria de fotos). Seu túmulo, no próprio cemitério, é conhecido como “O túmulo do lagarto”, pois contém um exemplar em mármore da espécie e demonstra a fixação do escultor pelos répteis da fauna brasileira.
Já Berthe Adéle Thereze de Jaeguer era filha do engenheiro belga Joseph de Jaeguer,  intermediário de seu país no comércio de granito e mármore para a nova capital. Primeira pessoa sepultada no Bonfim, morreu moça, aos 20 anos de idade e em seu túmulo foi plantado um cipreste que resiste até hoje.

A árvore tem a idade do cemitério é mais velha que a própria Belo Horizonte, pois foi plantada antes da inauguração da capital. Por ser o primeiro enterro realizado no local, o Chefe da Comissão Construtora da Capital ordenou o sepultamento sem cobrar nada para isso. Até hoje, ronda um mistério em torno da causa da morte, que não consta nos arquivos.
      Alunos do Centro Acadêmico de História do UniBH redescobrem o passado de Belo HorizonteO Circuito Cemitério do Bonfim teve início este ano na gestão 2010-11 do Centro Acadêmico. A divulgação é feita no blog do curso, através de cartazes nos corredores e pelo “boca-a-boca” nas salas de aula. 

O circuito busca levar as pessoas (principalmente os estudantes de história) e também a comunidade acadêmica para um passeio histórico  pelo passado de BH. 

O primeiro circuito foi realizado no dia 27 junho e, segundo Pedro Vinícius Pereira “é uma forma de mostrar a história de Belo Horizonte para os estudantes universitários de história e dos outros cursos, pois tem muito de arte, conceitos e a própria história da cidade” conta o aluno, que é responsável pelo percurso no cemitério. 


Henrique Félix 
Guia de turismo MG 
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