quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Conceição de Ibitipoca

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Apesar das duas edições destes preciosos originais, continua geralmente muito pouco conhecida a narrativa desta parte das grandes jornadas do ilustre botânico francês, a quem o Brasil tanto deve, efetuadas em nosso país. Veio a lume, aliás, em publicação póstuma divulgada trinta e quatro anos após o passamento do autor pelo Sr. R. de Dreuzy. Nada podemos dizer sobre as relações deste editor com o sábio ilustre, a quem se de vem as tão célebres narrativas de viagens realizadas em nossa terra de 1816 a 1822 e livros absolutamente notáveis pela valia científica e a probidade dos informes, como não há quem o ignore.

Falecendo em 1853 deixou Saint-Hilaire volumoso manuscrito inédito; a Viagem ao Rio Grande do Sul, livro muito mais raro que as suas de mais obras. Negocia-se hoje por preços incomparavelmente mais altos do que os das outras Viagens. Coisa que geralmente chama a atenção dos leitores é a fidelidade com que o grande botânico soube gravar as palavras portuguesas, prova de quanto chegou a conhecer bem a nossa língua. A Viagem ao Rio Grande do Sul e a Segunda Viagem a São Paulo, porém, trazem os nomes próprios e os topônimos extraordinariamente estropiados. Isto nos faz crer que o autor tivesse má letra e seu revisor, o Sr. de Dreuzy, ou alguém por ele, nada entendesse de português. Assim não é crível que Saint-Hilaire haja escrito caxuro por cachorro, corgofondo, Pinhamongaba, Jacurahy, Nossa Senhora da Apparanda! (Aparecida), e uma infinidade de outras coisas, como ainda, São João de Manque em lugar de São João Marcos, etc., etc.
O senhor de Dreuzy dedicou a publicação ao Conde d’Eu pelo fato de ser este príncipe o esposo da herdeira do trono brasileiro, declara-o no prefácio. Do Rio Grande do Sul regressou Saint-Hilaire, por mar, ao Rio de Janeiro, em fins de agosto de 1821. Notou então que as suas coleções se achavam em grande parte estragadas pelas traças; sobretudo o herbário. Os trabalhos de taxidermia fizeram-lhe muito mal à saúde e o clima carioca o deprimiu muito, afirma-o. Assim, para fazer novas coleções, e recolher o material deixado em São Paulo, ao seguir para Santa Catarina e Rio Grande o Sul, entendeu partir para a
capital paulista, saindo do Rio, a 29 de janeiro de 1822, com os dois criados, seus velhos companheiros, Firmiano e Laruotte, dois índios montados e um tropeiro. Na primeira viagem a São Paulo, viera de Goiás depois de atravessar o Triângulo Mineiro.

Na segunda resolveu ir do Rio de Janeiro a Minas, passando pelo registro do Rio Preto, Barbacena, São João d’El-Rei, Aiuruoca, Baependi e Pouso Alto, para depois, descendo a Mantiqueira, chegar a Cachoeira e Guaratinguetá. Daí tomaria o rumo de Taubaté, Jacareí, Mogi das Cruzes e, afinal, São Paulo. Na viagem de volta foi-lhe este o itinerário: Mogi das Cruzes, Nossa Senhora da Escada, Jacareí, Taubaté. Desta última localidade rumou em direção à capital brasileira, por Aparecida, Guaratinguetá, Areias, Bananal, São João Marcos, Itaguaí e Santa Cruz. É muito interessante a série destes depoimentos sempre tão inteligentes e sobretudo sinceros... Trazem valioso contingente de informes sobre a mais importante região brasileira a que se estende entre as duas maiores cidades do país. Estamos certos de que o nosso público amante dos assuntos nacionais apreciará realmente este relato probo e elevado, saído da pena do grande viajante a cuja memória devem os brasileiros muitos motivos de verdadeira gratidão.

AFONSO DE E. TAUNAY











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