Em 1777 Antonio Francisco Lisboa contrai a doença que lhe traria com o tempo o apelido de aleijadinho, a doença que foi deformando o artista com o passar dos anos fez com que ele perdesse os dedos dos pés, e das mãos, e os pesquisadores até hoje não conseguiram determinar com certeza qual o problema de saúde que teria trazido tão graves seqüelas, se foi hanseníase, sífilis, ulcerações gangrenosas ou ainda uma tromboangeíte obliterante, doenças que aquela época não tinha tratamento eficaz e muito menos cura. No período mais crucial seus artesãos atavam os instrumentos a luvas de couro que cobriam suas mãos e o carregavam, pois não podia caminhar. A verdade é que a doença trouxe um sofrimento indizível, mas ao que comprova a sua obra, este trouxe uma sensibilidade muito maior ao escultor Aleijadinho, entalhador, desenhista, e arquiteto do Brasil colonial.
Sua obra tem traços de genialidade que a tornaram conhecida no mundo inteiro, e hoje existe em Ouro preto um museu, onde está exposto o seu acervo e onde é contada a sua história, mostrando o talento e a determinação desse homem, que sofreu dores lascinantes, precisou atar os instrumentos as mãos para poder trabalhar, mas nem mesmo assim desistiu, e no auge de sua doença e com mais de 70 anos e idade, produziu uma de suas mais importantes obras, que é a fantástica coleção de esculturas dos doze apóstolos, que o tornou definitivamente uma celebridade artística, não como esculturas de lata ou de neve. As suas obras-primas foram esculpidas em pedra-sabão, realizadas no período de 5 anos, entre 1800 a 1805, na cidade de Congonhas do Campo. As esculturas dos 12 apóstolos Abdias, Adacuque, Amós, Baruque, Daniel, Ezequiel, Isaias, Jeremias, Jonas, Joel, Naum e Oséias, ficam no adro do santuário da Igreja católica do bom Jesus do Matosinho. Na frente da Igreja há uma ladeira com 6 capelas onde estão um conjunto de esculturas de Aleijadinho, em tamanho real, que revelam a Via Crucis de Jesus.
A obra de Aleijadinho tem uma forte e decisiva influencia da cultura religiosa católica, mas quando temos o privilégio de visitar o museu e apreciar as belezas, somos imediatamente transportados no tempo, pois essas peças são carregadas de uma emoção indescritível, pela sua grandiosidade, imponência e beleza. Aleijadinho morreu em 18 de novembro de 1814, aos 84 anos e cego, na cidade de Ouro preto, onde nasceu, passou sua vida. Os dados que existem sobre a vida do artista barroco e obra são escassos e provem de um apanhado de memórias escritas pelo vereador de Ouro Preto, Sr. Marino, 40 anos após sua morte, e publicadas posteriormente.
Vida e Obras de Aleijadinho:
Aleijadinho viveu e produziu a maioria de suas obras nas cidades de ouro preto e Congonhas, no estado brasileiro de Minas Gerais, no período de 1730 a 1814. Esses dados carecem de confirmação documental, assim como a sua vida, seus trabalhos não foram catalogadas na época e não tinham assinatura dificultando um levantamento preciso de sua grandiosa obra. Aleijadinho foi um escultor barroco e trabalhou também como arquiteto, entalhador e marcineiro. Seu talento no entanto ficou conhecido por suas esculturas, e nessa arte trabalhava usando especialmente a pedra-sabão e madeira. Muitos historiadores e estudiosos da vida e obra de Aleijadinho dividem sua carreira em dois tempos diferentes, antes da doença deformante e após o início da doença, sendo essa ultima seu período mais fértil, quando surgiram suas esculturas mais primorosas.Aleijadinho arquiteto
Em um documento datado do ano de 1771 Antônio Francisco de Lisboa é chamado de arquiteto. Assim sob essa égide o artista produziu 23 projetos e trabalhos conhecidos, entre eles os principais são os projetos das Igrejas de São Francisco de del-Rei que não foi executado, de São João Batista de Barão de Cocais, e de São Francisco de Ouro Preto, além disso é de sua criação o projeto arquitetônico das torres da matriz de Tiradentes.Aleijadinho escultor
Foi trabalhando como escultor que Aleijadinho deu vazão a todo o seu talento artístico. Em levantamentos realizados por diversos historiadores foram atribuídas ao artista 318 esculturas, além de 25 classificados de esculturas ornamentais. Existem entre uma corrente de historiadores duvidas quanto a autoria de algumas obras do artista, visto que as mesmas não tem assinatura e Aleijadinho teve vários auxiliares e discípulos de suas técnicas. Assim sendo o número de trabalhos atribuídos a Aleijadinho não é definitivo, há a possibilidade de ser bem maior ou não. A obra artística de Aleijadinho passou por diversas fases, mas chama a atenção e o período em que produziu seus melhores trabalhos foi a partir de sua doença, quanto passou a trabalhar exaustivamente, chegando a precisar amarrar as ferramentas as suas mãos. As obras que realizou nessa época imortalizaram seu nome e seu dom, foram 30 anos em que produziu esculturas perfeitas e brilhantes, com uma perícia e uma riqueza de detalhes inimaginável. É no Santuário de Bom Jesus de Matosinho em Congonhas que se encontra um dos maiores legados artísticos de Aleijadinho, ao qual ele dedicou 10 anos de sua vida a partir de 1796, são 66 estátuas de madeira de cedro que representam a Via Sacra, chamada de “Passos da paixão” e os 12 Profetas feitos de pedra sabão. As 66 estátuas que compõe a Via Sacra estão dispostas em 6 capelas independentes e parecem possuir vida própria, seja pelas cores, pela perfeição ou mesmo pela riqueza de detalhes, com contrapartida as estátuas dos 12 profetas que ficam como que guardando o santuário não tem a mesma perfeição e seus traços anatômicos são muitas vezes desproporcionais.A obra de Aleijadinho está espalhada especialmente por igrejas e santuarios de Minas Gerais, mas é na cidade histórica de Ouro Preta que se encontra a maior parte do acervo do artista, e também o museu com suas obras, documentos e parte de sua história, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. O reconhecimento do artista ultrapassa as fronteiras brasileiras e ele é reconhecido mundialmente, como um mestre da arte barroca.
Entre suas obras mais importantes, além das citadas, temos a imagem de São João Batista, a portalada da Igreja de São João do Morro Grande; a imagem de N.S. do Carmo na Matriz de N.S. do Bom Sucesso; a imagem do Bom Jesus; o crucifixo na Matriz da Conceição; a Fonte da Samaritana no Seminário Maior; projeto e execução do chafariz no Hospicio da Terra; altares colaterais de Nossa Senhora da Piedade e de São João Batista na Igreja de Nossa Senhora do Carmo; imagem de São Francisco de Paula atualmente no museu do MASP; estátuas dos santos Simão Stock e João da Cruz na Igreja de Nossa Senhora do Carmo; Imagem de Nossa Senhora das Dores no MASP, e inumeras outras obras desse impressionante artista brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário