MINAS NASCEU AQUI!!!
Manifesto do Mineiro Geraldo Zuzu
Guia de Turismo credenciado pelo Ministério do Turismo – n°11.012485.96-3; Diretor de Relações Públicas da Associação de Guias de Turismo do Brasil Sub-seção Mariana MG AGTURB; Artista Plástico; Presidente da Associação dos Artistas Plásticos de Mariana; Pesquisador e Consultor Cultural e um dos mais atuantes defensores do patrimônio histórico de Mariana.
Mariana,
Minas consolida-se aqui!!!
Exemplo de mineiridade e berço de cidadãos ilustres
Nota de interesse público e quebra de mediocridade política em ano eleitoral, direcionada exclusivamente a quem gosta de história e ama essa terra.
O dia 16 de Julho, para os mineiros, pode parecer uma data simples, mas marca o dia do estado de Minas Gerais, marca a transferência simbólica da capital de Minas para Mariana. Nesse dia, mostra-se o marco de uma era na qual Mariana foi governo da capitania São Paulo Minas do Ouro, sob o comando de Dom Pedro Miguel de Almeida – o Conde de Assumar – no ano 1711. Ou seja, Mariana não era apenas capital de Minas, era capital de São Paulo.
À Praça Minas Gerais, considerada um dos mais belos conjuntos arquitetônicos do país – segundo German Basan um dos mais belos conjuntos arquitetônicos do mundo –, percebe-se a Câmara dos Vereadores como marco do primeiro Legislativo de Minas, no período de 1711 a 1722. Situadas também nessa Praça estão a Igreja de São Francisco de Assis e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade.
Na época em que a economia brasileira baseava-se na cana de açúcar, café e ouro, Mariana passou a chamar atenção do mundo devido à extração desse rico metal que aqui havia em abundância.
Mariana de Miguel Garcia, Salvador Furtado de Mendonça e Bento Leite, bandeirantes responsáveis pela descoberta do ouro em Minas no ano de 1696 – marco da consolidação do estado.
Mariana do Primeiro Bispado da Primaz de Minas, com Dom Frei Manoel da Cruz, em 1748.
Mariana, terra de Alphoin – arquiteto incumbido de fazer um projeto geográfico e paisagístico de Minas Gerais em 1743, pelo Sargento José Fernando de Alphoin.
Mariana de Cláudio Manoel da Costa, secretário de Governo das capitanias Minas do Ouro e um dos mentores intelectuais da “Conjuração Mineira”, filho dessa terra.
Mariana de Manoel da Costa Ataíde, maior pintor sacro brasileiro do século XVlll, contemporâneo e parceiro de Antônio Francisco Lisboa – Aleijadinho, explosão máxima da escultura barroca no Brasil-colônia.
Mariana de Francisco Vieira Serva, escultor do século XVlll, de tão importância quanto Aleijadinho.
Mariana de Frei Santa Rita Durão, autor de Caramuru; do secretário José Joaquim da Rocha, que secretariou o “Dia do Fico”, palavras ditas por Dom Pedro ll no Rio Ipiranga em São Paulo.
Mariana de Alphonsus de Guimaraens, poeta simbolista, considerado um dos maiores do secúlo XIX, comparando-se apenas a Cruz de Souza.
Mariana de Dom Luciano Mendes de Almeida, presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), arcebispo dessa terra.
Mariana do governador Francelino Pereira, que decretou à cidade, no dia 19 de outubro de 1979, a data comemorativa do Dia do Estado de Minas Gerais – instituída pela Lei nº. 7.561, de 19 de agosto de 1979. Nessa lei, determina-se que o “Poder Público promoverá reuniões e solenidades cívicas alusivas à data a que se refere o Artigo 1º, nas quais deverão ser realçadas as tradições socioculturais de Minas Gerais”. Em 1989, a Constituição do Estado confirmou, no Artigo 256, o dia 16 de Julho como data cívica – Dia do Estado de Minas Gerais, em que a capital do Estado é simbolicamente transferida para Mariana.
No hino da cidade, há um trecho que diz ¨Mariana sempre a sonhar¨. Pois bem, deveríamos deixar de sonhar, já que as comemorações do dia 16 de Julho chamaram a atenção de maneira negativa. Nesse dia, percebeu-se a forma tímida e amadora como vem sendo tratada a comemoração do Dia do Estado de Minas Gerais. A impressão que se passa é a de que os mineiros não têm mais aquele valor cívico por não acreditarem na política ou por perderem sua consciência de memória.
E tudo começou aqui: a chegada dos bandeirantes, os aristocratas fazendo predominar o sangue do negro no serviço escravo; escravos estes que deram o sangue por Mariana, por Minas e pelo Brasil com os quais temos um débito moral. Foi na região do Gogô, Morro Santo Antônio, Passagem de Mariana e Mata-Cavalos – uns dos maiores sítios arqueológicos do Brasil-colônia, referência da mineração do ouro no século XVlll – onde celebrou-se a primeira missa.
Para indignação dos mineiros, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, neste 16 de Julho, com fins políticos, assinou um decreto oficializando a realização anual de evento comemorativo ao Dia do Estado de Minas Gerais na Cidade Administrativa. O ato inclui evento público, de caráter cívico e cultural, realizado à Praça Cívica da Cidade Administrativa. O decreto afirma que, no evento, serão prestigiadas as manifestações cívicas alusivas aos municípios que integram Minas Gerais e realçadas as tradições sócio-histórico-culturais do Estado.
Tais ações do atual governador não levaram a discussões e não respeitaram nem mesmo lideranças locais, como os ex-prefeitos de Mariana, Roque Camello e Celso Cota; o candidato a Deputado à Câmara Federal, Rodrigo de Castro, e o seu pai, Danilo de Castro, coordenador da Campanha de governo de Anastasia; e todos do PSDB que estiveram no 15 de Julho de 2010 em Mariana, declarando apoio a Rodrigo nas eleições 2010.
A Câmara de Vereadores – primeiro Legislativo de Minas – repugnante, num período ditatorial embora estejamos por consolidar uma democracia, não tomou posicionamentos quanto à decisão de Anastasia. A pergunta que fica é exatamente essa: qual foi a posição do Legislativo local quando o governador decretou a divisão do dia do Estado de Minas Gerais com a Cidade Administrativa de Belo Horizonte? “Inconstitucionalidade diante da Constituição Estadual” – instrumento jurídico usado por Francelino Pereira ao decretar Mariana como símbolo do Dia de Minas.
É vergonhoso ter que aceitar que, na política, vivemos um conluio/combinação entre pessoas, com o intuito de se enganar ou prejudicar alguém; colusão, arranjo, conchavo, conspiração. E em Mariana, nestes 10 anos, não é diferente, basta ver o que está proposto na negociata que sugere a divisão do Dia de Minas entre Mariana e a cidade Administrativa de Belo Horizonte.
O que os mineiros devem fazer?
Aceitar essa situação seria o mesmo que negar a “Conjuração Mineira”, dizendo que a mesma não tenha partido de Ouro Preto. É lamentável que o governador de Minas não tenha consciência de onde se iniciou a formação do estado e de sua história.
Assim como Tiradentes, na Conjuração, o momento atual nos pede um posicionamento sobre esse descalabro, que gera grande dano, derrocada, ruína e desgraça para Mariana, que perderá visibilidade. As tradições marianenses não vão se expandir na mesma velocidade, o que ocasionará o esvaziamento turístico na cidade, prejudicando, consequentemente, todas as classes.
Devemos agir como fez a Câmara de Vereadores de Mariana e o ex-prefeito da cidade, Roque Camello, quando iniciaram a discussão com os mineiros para se elevar o dia 16 de Julho como o Dia do Estado de Minas Gerais, então sancionado pelo governador de Minas a essa época, Francelino Pereira.
Mais constrangedor ainda é, nessa data de mineiridade, termos que aceitar retrocedermos a resquícios de uma Ditadura Militar, onde os mineiros passam por revistas pela guarda cerimonial do governador como se fossem subversivos, assassinos, ladrões e pessoas de pior espécie. Vivemos em uma Democracia, na qual os cidadãos não precisam passar por constrangimentos, tendo que abrir suas bolsas e ser revistados como criminosos.
Passamos por um período triste à Ditadura, em que as pessoas foram presas, torturadas e exiladas; no Colégio Eleitoral houve a vitória das “Direitas Já”, vencendo-se o período repressor com personalidades importantes como Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e outros.
Ou seja, tivemos a oportunidade de vencermos um período ardeu, que foi a Ditadura Militar, que já não mais suportávamos; vimos um torneiro-mecânico de nome Luiz Inácio Lula da Silva chegar à Presidência da República; vencemos o radicalismo, consolidamos a Democracia e direito e por isso é preciso revermos nosso conceito de mineiridade. Para escrevermos a história, não necessitamos sobrepor a ela sensacionalismos políticos, pois eles não vão resolver as questões emergentes de Mariana, de Minas e do Brasil.
Minas é Minas e sempre será Minas. E Mariana sempre será Mariana, independentemente das vaidades políticas e sensacionalismos. Precisamos repudiar o oportunismo desses políticos. Espera-se que os mineiros não dispersem na sua origem e na sua história o seu maior compromisso, que é com a Democracia.
Palavras essas ditas por Tancredo Neves do PMDB no Colégio Eleitoral das “Diretas Já”: “mineiros, não se dispersem na sua origem e na sua história”. Entretanto, a Proposta de Emenda Constitucional foi rejeitada, frustrando a sociedade brasileira. Ainda assim, os adeptos do movimento conquistaram uma vitória parcial em janeiro do ano seguinte quando um de seus líderes, Tancredo Neves, foi eleito presidente pelo Colégio Eleitoral.
O movimento agregou diversos setores da sociedade brasileira. Participaram inúmeros partidos políticos de oposição ao regime Ditatorial, além de lideranças sindicais, civis, artísticas, estudantis e jornalísticas. Dentre os políticos, destacaram-se Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Antônio Carlos Magalhães, Miguel Arraes, José Richa, Tancredo Neves, André Franco Montoro, Dante de Oliveira, Mário Covas, Gérson Camata, Orestes Quércia, Teotônio Vilela, Luiz Inácio Lula da Silva, Eduardo Suplicy, Roberto Freire, Fernando Henrique Cardoso e muitos outros.
Desconhecemos, até o momento, qualquer manifesto de forma oficial das autoridades do município de Mariana repudiando a descaracterização do Dia de Minas, como por exemplo por parte da Câmara de Vereadores e do Poder Executivo. Conclamar, gritar, chamar os mineiros a se posicionarem a esses lapídeos propostos pelo Governador Antonio Anastasia, através dos princípios da história e da Democracia.
Autoriza aos simpatizantes dessa causa a publicação deste artigo
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